Como nasce um amor?
Rosane Wojciechowska Lucena, Psicanalista, Servidora Pública no Sistema Prisional do Estado do RS.
Certo dia me dei conta que
Esqueci como nasce o amor
O dia amanheceu
lavei o rosto
passei o café
olhei rapidamente pela janela
O dia insistia em começar
Tudo de novo.
Foi aí que me peguei pensando:
Esqueci como nasce o amor!
Lembro exatamente como ele morre
quando ele se esvaece
deixa de existir.
O amor não morre de uma hora para outra
Ele vai morrendo aos poucos
vai desistindo
perdendo suas forças
Após sua partida
Em meio a uma certa confusão entre realidade e ilusão
Tropeçamos nas lembranças
Por vezes
A dor serve de aviso
ela demarca um local importante
A dor é a lápide do amor então falecido
Observo que a dor passa a ser vizinha das lembranças
Juntas inauguram
O árduo trabalho de luto.
Luto da morte de um futuro
O luto dos momentos que queríamos perenes
O luto é o grande organizador das emoções
Primeiro a re-volta
Depois a (c)alma
Enfim a Esperança.
Logo perdemos o senso de tempo e espaço
Não identificamos
o início
o meio
o fim
Nos pegamos de soslaio
Olhando rapidamente pela janela
Querendo entender (novamente)
Como nasce um amor?